sábado, 4 de julho de 2009

Tudo sobre testosterona

Tudo sobre testosterona

Um conceito popular de que o comportamento agressivo dos homens seria causado pela testosterona está caindo por terra devido a alguns estudos que chegaram à conclusão de que baixos níveis do hormônio seriam responsáveis pela irritabilidade.

Como hormônio sexual primário dos homens, a testosterona tem um papel complexo. Antes do nascimento, a testosterona faz o feto do sexo masculino se diferenciar do feminino. Durante a puberdade, é o hormônio masculinizante, sendo responsável pelas características sexuais secundárias, como voz grossa, barba, etc. Mas também influencia o curso sexual, nível de energia e o humor.

Antes do nascimento e logo após, a testosterona, que é o andrógeno (hormônio masculino) mais importante, tem papel principal no desenvolvimento do feto do sexo masculino. A testosterona é estimulada por um hormônio da placenta para causar a migração dos testículos para a bolsa escrotal no final da gravidez. Após o nascimento, a testosterona sensibiliza a genitália para responder apropriadamente na ocasião da puberdade.

Na puberdade sua secreção aumenta, fazendo com que os testículos e a bolsa escrotal cresçam, apareçam os pêlos púbicos e faciais. Também ativa a produção de esperma, faz o pênis crescer e ajuda no desenvolvimento da próstata. A testosterona também é responsável pelo alargamento da laringe e pelo espessamento das cordas vocais. Uma vez que a maturidade foi atingida, o nível circulante do hormônio flutua regularmente. Segue um ciclo diário e sazonal, cujo nível aumenta durante a noite e atinge o valor máximo no outono. Exercício também aumenta seu nível em até 20% dos valores pré-exercício.

Durante toda a vida, a testosterona ajuda a manter a massa muscular, promove e mantém o tecido ósseo e age na libido. Também se aceita que níveis normais do hormônio contribuem para uma boa saúde e manter um bom humor.

Muitos homens acham difícil falar com seu médico sobre sintomas associados com níveis baixos de testosterona. Estes sintomas, que incluem baixo desejo sexual, impotência, letargia ou perda de energia, perda da massa muscular e perda de pêlos faciais e do corpo, podem ser devido a vários problemas, dentre eles hipogonadismo (diminuição da secreção de testosterona pelos testículos). Esta condição atinge aproximadamente 4 a 5 milhões de homens, mas somente 5% fazem reposição hormonal.

O reconhecimento deste problema tem crescido na comunidade médica. E assim, também faz crescer as opções de tratamento: injeções por via intramuscular, comprimidos e adesivos.

Sintomas parecidos são experimentados por homens acima dos 60 anos e se especula se existiria uma "andropausa". A diminuição dos níveis de testosterona faz parte do processo de envelhecimento, mas atualmente se pesquisa se a reposição hormonal nos homens poderia ser útil. Estudos concluíram que a força, a massa muscular, a contagem de hemácias (células vermelhas do sangue) e a memória melhoraram quando houve reposição hormonal em homens com mais de 50 anos que sofriam de baixos níveis de testosterona. Outro estudo indicou que a testosterona pode proteger o coração por aumentar o HDL (bom colesterol).

Entretanto, um grande número de efeitos colaterais têm que ser monitorados antes de se indicar um tratamento com reposição hormonal a longo prazo. Por exemplo, o número elevado de hemácias pode aumentar o risco de derrames e pode fazer crescer um câncer de próstata já existente.

Testosterona e depressão nos homens:

Nos homens a secreção de testosterona afeta as funções neurológicas e comportamentais como o interesse sexual, agressividade, grau de emoções. A partir dos 50 anos de idade aproximadamente começa a diminuir lentamente a secreção de testosterona. Aproximadamente 20% dos homens com mais de 60 anos de idade têm os níveis desse hormônio abaixo do "normal". As seqüelas psiquiátricas disso ainda não foram satisfatoriamente compreendidas. Existem algumas evidências da relação entre a queda dos níveis hormonais e o surgimento de depressão. Essas informações são derivadas de dois tipos de estudos: observação do comportamento dos homens com níveis baixos de testosterona circulante, e do tratamento dos sintomas depressivos com reposição hormonal complementar.

A testosterona é um hormônio de interação social; é secretado em resposta a estímulos sociais como situações que despertam o interesse sexual, a hostilidade ou o humor, pois age diretamente no cérebro. Não se tem certeza ainda se os sintomas depressivos são causa, efeito ou se não têm relação alguma com os níveis de testosterona no homem. Muitos casos de depressão resistente nos homens podem ter na deficiência de testosterona (a exemplo do que acontece com o estrogênio com a mulher) sua explicação. Talvez alguns homens deprimidos com baixos níveis de testosterona só se recuperem adequadamente depois de se normalizar os níveis dos hormônios masculinos. Mais estudos são necessários para se confirmar esta necessidade; enquanto isso os psiquiatras devem trabalhar conjuntamente com os endocrinologistas quando houver algum caso de depressão resistente com baixos níveis de testosterona

Terapia de Reposição hormonal para Homens Deprimidos Refratários com Hipogonadismo:

A terapia de reposição de testosterona é um tratamento eficaz para alguns homens deprimidos com hipogonadismo, e pode potencializar o tratamento daqueles que apresentaram resistência aos inibidores da recaptação da serotonina(ISRS). Foram tratados 5 homens com baixos níveis de testosterona e falta de resposta aos ISRS com 400mg de testosterona complementar duas vezes por semana durante 8 semanas. Quatro pacientes continuaram com placebo depois desse período. Escalas de avaliação padronizadas foram usadas para medir as variações dos sintomas durante o período de acompanhamento. A média de idade desses pacientes era de 40 anos e apresentaram uma marcante melhora dos sintomas depressivos depois da reposição dos androgênios. Três dos quatro que continuaram tomando placebo apresentaram recaída com a diminuição dos hormônios masculinos. Os autores concluíram que a reposição dos hormônios androgênicos em baixa é um tratamento eficaz para alguns homens.


A ANDROPAUSA E A TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL

Todos os homens produzem testosterona que é o hormônio sexual masculino mais importante. A testosterona atua em vários setores do organismo, sendo responsável pela manutenção de músculos, ossos, gorduras, espermatogênese, etc e a manutenção de comportamentos como libido, agressividade e emoções. Aproximadamente 20% dos homens com mais de 50 anos de idade têm nível baixo deste hormônio. A testosterona faz com que se formem os testículos, a próstata, o pênis e as vesículas seminais durante a fase embrionária, na presença do cromossomo Y. Durante a infância a testosterona quase não atua, porém com a puberdade começa a sua produção em quantidade cada vez maior. A testosterona é responsável pelo tom grave da voz dos homens, pelo alongamento e engrossamento dos ossos, pela hipertrofia e força dos músculos, pela produção de esperma, pelo crescimento da genitália, engrossamento e oleosidade da pele, pela barba e distribuição dos pêlos no corpo. Além das características físicas dá aos homens um comportamento mais "agressivo" típico dos machos e mantém a sua libido. Após os 40 anos de idade, é normal haver um declínio lento e gradual na produção de testosterona. Estima-se a queda de 1% ao ano. Essa queda de testosterona quando acompanhada de desconforto produz um quadro clínico de desinteresse geral, perda do desejo sexual, impotência, fraqueza, tristeza, insônia, mau-humor que se confundem com o processo natural de envelhecimento, mas que na verdade é aquilo que chamamos de andropausa.

Nas mulheres é fácil perceber o fim dos ciclos menstruais acompanhados de alterações hormonais, período conhecido por menopausa. Nos homens não existe este fim claramente delimitado, ocorrendo uma diminuição lenta, sutil e gradual das alterações hormonais.


A Testosterona

A testosterona é produzida quase toda nos testículos numa quantidade de 5 a 7 mg por dia. É sintetizada a partir do colesterol e secretada pelos testículos em resposta ao hormônio luteinizante (LH) que é liberado pela adeno-hipófise juntamente com o hormônio folículo-estimulante (FSH) e a prolactina. Os hormônios hipofisários dependem de uma ordem do hipotálamo através do hormônio GnRH para serem produzidos. Além de ser produzida nos testículos pelas células de Leydig, a testosterona atua nas células de Sertoli (também dos testículos) para a produção de espermatozóides. Uma pequena quantidade de testosterona é produzida pela córtex das glândulas supra-renais. Considera-se normal quando o nível de testosterona dosado no sangue fica entre 300 e 1050 ng/dl. Os níveis de testosterona estão sempre variando para mais ou para menos dependendo da hora do dia ou da noite. Por isso, uma dosagem baixa deve ser confirmada por outro exame feito em outra hora de outro dia. A testosterona que atua no nosso corpo é a que está sob a forma livre; a maior parte da testosterona está ligada a proteínas e aparentemente não atuam. É natural que com a idade ocorra uma diminuição progressiva da testosterona, mas isso não significa obrigatoriamente uma doença. Existem homens com testosterona normal com queixas semelhantes a andropausa, da mesma forma que existem homens com testosterona baixa sem queixas. A testosterona ajuda a diminuir o nível do colesterol ruim (LHL) e a aumentar o nível do colesterol bom (HDL).


A Andropausa no corpo, no psiquismo e na sexualidade do homem:

A deficiência de testosterona pode ser devido a problemas dos testículos como diminuição da circulação arterial, diminuição das células de Leydig, ou por alterações do mecanismo de controle hormonal do organismo. As manifestações mais comuns da andropausa são: diminuição da massa muscular, aumento da gordura abdominal, diminuição da densidade óssea (osteoporose), diminuição do interesse por sexo, piora da qualidade e da freqüência das ereções, diminuição da massa muscular, diminuição da força física, mudança do perfil lipídico no sangue, queda na sensação de bem-estar, cansaço, fraqueza, desinteresse intelectual, depressão, insônia e mau-humor.

A testosterona não participa do mecanismo erétil, apenas melhora as condições do homem, fazendo com que ele se sinta mais capaz de ter relações sexuais. Mesmo homens sadios, com testosterona em nível normal, têm declínio da função sexual. Homens idosos têm diminuição da tumescência peniana noturna e da sensibilidade peniana.

Somente 3 a 4 % das causas de disfunção erétil ocorrem devido a alterações hormonais. Outras causas importantes devem ser obrigatoriamente avaliadas nestes pacientes com disfunção erétil como diabetes, hipertensão arterial, problemas cardiológicos, neurológicos, vasculares, urológicos, fumo, álcool, aumento do colesterol, alimentação inadequada, uso de medicamentos relacionados, cirurgias realizadas, falta de afetividade com a parceira, etc.


Quando indicar a Terapia de Reposição Hormonal?

Somente quando as queixas clínicas forem compatíveis com o exame físico e os achados laboratoriais. Nem todos os homens se enquadram nestas condições. É necessário que as dosagens hormonais comprovem o quadro clinico do paciente. Recentemente foi introduzido o questionário de Moley (Moley´s questionnarie ou ADAM - Androgen Deficiency in Aging Males questionnarie) que é o único conhecido e válido para investigar a andropausa.

1- Você tem diminuição da libido?
2- Você tem perda de energia?
3- Você tem perda do vigor e/ou da paciência?
4- Você perdeu altura, ficou mais baixo?
5- Você notou alguma perda do "prazer pela vida"?
6- Você tem estado abatido e/ou irritável?
7- Suas ereções estão menos firmes?
8- Você notou alguma recente queda na sua habilidade esportiva?
9- Você tem ficado com sono facilmente após o jantar?
10- Sua capacidade para o trabalho decaiu?

Se você respondeu "sim" de 1 até 7, ou "sim" a 3 ou mais questões, discuta o resultado com o seu médico.


Tipos de tratamento:

O tratamento deve reproduzir as oscilações normais da testosterona e dos seus metabolitos, devendo também ser bem tolerada, barata e confortável para o paciente.

Tratamento oral com acetato de ciproterona, de testosterona ou mesterolona tem rápida absorção, é metabolizada no fígado (hepatotóxico), mas não permite as oscilações naturais da testosterona, é indicado por poucas semanas. Tem efeito por 3 a 10 horas. O undecanoato não é hepatotóxico e exige 2 comprimidos 2 vezes por dia.

Tratamento injetável com injeções intramusculares a cada 2 ou 3 semanas de cipionato, decanoato, isocaproato, propionato ou enantato de testosterona, com picos suprafisiologicos. -Tratamentos por gel ou adesivos cutâneos têm bons resultados, porém são caros e provocam dermatites com freqüência.

Outros medicamentos estão sendo desenvolvidos como o Nebido do laboratório Schering, undecanoato de testosterona injetável de aplicação intramuscular a cada 3 meses.


Quais os cuidados que devemos ter ao indicar a Terapia de Reposição Hormonal?

O controle médico deve ser feito a cada 3 meses no primeiro ano, com visitas semestrais a partir daí. Devemos afastar a existência de um câncer de próstata oculto, câncer de mama, problemas no fígado (a testosterona é metabolizada no fígado), doenças cardíacas e alterações do perfil lipídico. Lembrar que a reposição hormonal não causa câncer de próstata, mas pode estimular o desenvolvimento de um câncer já existente. Deve ficar claro para os pacientes que tão importante quanto a reposição hormonal e seus cuidados, deve ser a mudança de hábitos de vida com especial atenção para a alimentação saudável, prática de exercícios físicos, abolir fumo, álcool, sal e alimentos gordurosos, fazer uso de suplementos de vitaminas, minerais e anti-oxidantes, ter uma boa relação afetiva e pessoal com a parceira, de preferência fazendo juntos uma atividade a dois como caminhadas ou a dança de salão.


Qualquer médico pode tratar?

Teoricamente sim, porém fazer a reposição hormonal exige atenção e cuidados especiais. A consulta deve ser feita devagar, com calma, de preferência por uma equipe que inclua um urologista, um clínico cardiologista e um psicólogo. Diversos aspectos devem ser avaliados e depois acompanhados periodicamente como as condições urológicas, cardiológicas, clinicas e psicológicas destes pacientes. Muitas vezes se faz necessária a presença da parceira em algumas consultas. O exame urológico inclui uma avaliação e correção da função erétil, da próstata e a solicitação dos exames laboratoriais correspondentes a cada caso. A avaliação clinica e cardiológica deve incluir um exame clinico completo além de um exame cardiológico com eletrocardiograma.


Conclusão

Os avanços da medicina tanto na prevenção das doenças, como nos modernos tratamentos clínicos e cirúrgicos, fazem aumentar a perspectiva de vida dos homens. Percebendo que são capazes de viver cada vez mais, os homens querem viver também cada vez melhor. A andropausa é uma condição clinica freqüente, mas ainda controversa e pouco conhecida. Não existe uma forma totalmente segura e eficaz de ser medida e tratada. A andropausa é um problema que envolve tanto os aspectos físicos objetivos (distribuição de gorduras, dosagem de hormônios, lípides, osteoporose) como subjetivos (bem-estar, força, disposição); alem de aspectos emocionais (libido, insônia, humor), todos subjetivos. Além disso há varias outras condições clinicas e patológicas que podem ou não estar associadas. A andropausa merece uma abordagem multidisciplinar por envolver vários aspectos clínicos que atuam em conjunto. Através de uma boa relação medico-paciente, e do uso criterioso dos medicamentosos, podemos melhorar de forma importante a qualidade de vida na chamada terceira idade. Entendemos que mais importante do que acrescentar anos à vida, é acrescentar vida aos anos.

2 comentários:

Unknown disse...

Nota 1.000 para essa explicação, muito detalhada,tira qualquer duvida,parabéns.
daniel

Unknown disse...

Concordo com a opinião do Daniel. Muito boa a explicação!
O problema é que na internet ainda tem pessoas achando que a testosterona está relacionada com a agressividade. Mas é a falta dela! Muito atualizado o blog!